terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Para começar: Cinema, livros e panelas.

Dizem que as férias são tempos de botar as pendências em dia. Escrever é sempre algo que prometo fazer mais, ou com maior frequência, e esse blog está maturando há algum tempo; talvez porque escrever e cozinhar sejam as coisas que eu faça melhor na vida, ou porque sejam coisas que dependem do outro, tanto a comensalidade quanto a leitura. Não há porque cozinhar, senão para comensais (sejam eles quem e quantos forem), nem escrever senão para leitores. E de que adiantaria um blog não não arrecadasse olhos, que não tivesse função?


A ideia de um espaço virtual assim não me é nova, e foi fomentada por dois filmes: A festa de Babette (1987) e Julie et Julia (2009), que cada um a seu modo tratam a paixão pela cozinha, pelo ato de cozinhar, de dar-se pelos sabores.

A verdade é que vim, e cá estou. Sou cozinheira mais de intuição que de talento, e o que mais gosto é servir os queridos. Aprendi bem cedo com a minha avó que mais importante do que a receita é o que você acha do que você está amassando, mexendo, conferindo. Não sei cozinhar por obrigação, rotina ou castigo, e queria dividir com quem não tem panelinha de fundo duplo ou maçarico, os macetes e segredinhos da boa cozinha, dos prazeres da mesa.


E pra terminar esse “post inaugural”, espero que o último que venha sem uma receita, queria dizer da onde saiu esse nome, e tudo que ele significa, pelo menos pra mim.

Juntando-se a eles o manjericão, cardamomo e noz-moscada são os meu temperos favoritos. E esses dois são ainda mais especiais, por caberem tão com doces e salgados. Na verdade a nossa aliança se fez quando, sem saber como temperar uma abobrinha, eu liguei pra um chef-amigo que disse: “Abobrinha? Não sei. Tenta cardamomo e noz-moscada, eles combinam com tudo.” Feito. Depois dessa frase, eles não faltariam na minha cozinha.

As sementes do cardamomo são aromáticas, intensas e inconfundíveis. Originário da Índia, veio do Nordeste, quase que por acaso, parar na minha cozinha, no meu café. Até então, eu achava que se encerravam as possibilidades: ele torna o sabor do café maravilhoso. Mas descobri que, depois de triturado, orna com cremes de frutas, molhos vermelhos, legumes... Caro, mas vale cada centavo.

Já a noz-moscada era uma velha conhecida, minha mãe sempre usou como tempero, e alguns amigos catalisavam viagens com ela. Conhecida desde a Idade Média, a noz tem personalidade, força e, não sou eu quem digo, poderes afrodisíacos.

E, se não tiver certeza da cozinha, deixe-se apaixonar. Alguns filmes e livros, pros olhos e pro coração.

A festa de Babette (1987)

Como água para chocolate (1992)

Chocolate (2000)

Julie e Julia (2009)

Como água para chocolate, de Laura Esquivel. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

Afrodite, de Isabel Allende. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2004.

O cinema vai à mesa, de Nilu Lebert e Rubens E. Filho. São Paulo: Melhoramentos, 2007.

6 comentários:

Unknown disse...

Minha boca encheu d'agua.
Se a primeira receita demorar, morro afogado.
LuGu

Emily disse...

Quero creme brulé!

volta logo nêga.
amo-t

Emi

Neide A. de Almeida disse...

Parabéns!!!!! Este blog é a tua cara. A cada linha lida, eu podia te ver na cozinha, esse lugar mágico onde você exerce tão bem seus poderes de feiticeira, sua generosidade, sua forma bem humorada e doce (e salgada) de amar e de se dar.
Ty. Muito
Mms

ane. disse...

ah...eu tenho direito de ter a receita da lasanha de berinjela? por favor?
e sobre livros...não esquece do Clube dos Anjos, da série dos 7 pecados. é o que fala do pecado da Gula.
e um pouco mais sombrio, mas ótimo, é a trilogia de Hanibal. Lecter é um cozinheiro de mão cheia, e você há de concordar!

te amo. pequena.

luci. disse...

ah, lindo, como tudo o que vc faz. saí do cinema em julie e julia querendo ir direto pra cozinha. eu também adoro cozinhar, mas depende muito do número de queridos.
força, continue. =*

renato del rio disse...

eu quero a receita de quiche de abobrinha! : )
(e de um bom bife à parmegiana, pq não? hahahah)
: *