segunda-feira, 18 de abril de 2011

Doce de chocolate com morango.

Eu prometi postar essa sobremesa pra Lulu na época em que guaraná ainda vinha com rolha. E nada. Até que ela me escreveu um texto lindo, e eu tomei vergonha na cara e resolvi postar.
Essa história começa há um tempão: em 2010, depois do carnaval, quando eu baixei todas as temporadas de Anos Incríveis e o Kevin dá em cima de uma gatinha quando eles tem que cozinhar juntos (estadunidenses, vocês são bizarros! bjs!). E foi a primeira vez que eu vi um/uma mousse que não fosse feita de nescau, leite condensado e creme de leite. E dá pra duvidar que eu fiquei doida pra fazer esse delicinha? Num dia qualquer, eu resolvi tentar. Fui atrás da receita do Olivier Anquier - mas já sabendo que eu mando muito melhor que o francês. Bem, feita a receita (ficou divino, logo na primeira tentativa!), eu me pus a comer e, como um raio, cairam mil lembranças de um ex - o que não fazia sentido nenhum. Tanto mexo que descobri que eu tinha escrito, mais de um ano antes, uma anunciação açucarada de uma das infinitas vezes em que voltamos.
De qualquer forma, a receita é deliciosa e a Lulu me fez o favor de soltar o doce e o love affair passado, que dá muito mais sabor pra mistura e vale a pena experimentar.
(receitinha com medidas! Olivier, te dedico!)

- 200g de chocolate meio-amargo (porque eu não gosto muito-muito doce. com ao leite deve ficar bem docinho e chocolate branco não é chocolate, mas você pode tentar. Cuidado com o açúcar depois)
- 5 colheres cheias de manteiga
- 5 ovos (clara e gemas separadas)
- 1 xícara de açúcar (ou quanto ficar bom)
- pimenta-rosa macerada
- pitadinha minúscula OU de canela OU de noz-moscada (sabendo que aquela deixará o aroma mais adocicado e esta o sabor levemente adstringente)
- morango, amora ou outra fruta vermelha e cítrica

Lembra da panelinha de fundo duplo que eu não tenho? Pois é, use a sua para derreter a manteiga e jogue o chocolate razoavelmente picado para que derreta também - pode ser em banho-maria, claro. Só é preciso mexer para não grudar. Enquanto o derretimento se dá, você pode pegar o seu fuê magia e ir batendo as gemas e o açúcar até ficar esbranquiçado e cremoso (os fracos usarão uma batedeira).
Deixe todo mundo quietinho, enquanto bate as claras em neve. (Pode ser pouco cristão. Pode ser uma heresia, mas eu nunca bati claras em neve com um fuê. Eu sequer tentei e tenho raiva de quem tentou. Desde criança, a grande diversão da minha vida era bater as claras em neve com a mola. É a revolução da simplicidade, e existe em qualquer loja de 1,99 - é muito sucesso.) Bom, claras nevadas, é hora de misturar. Coisas importantes: se o chocolate estiver muito quente, ele vai destruir o efeito pufff que só claras em neve te dão. Portanto, misture o chocolate e as gemas ANTES. Isso ajuda a resfriar e te dá mais chances de não misturar tanto as claras (elas não gostam de ser mexidas).
A pimenta é pouco ortodoxa, mas vale a pena: o sabor dela é bem suave, praticamente nenhuma ardência, mas o aroma, ao ser misturado com chocolate, é impagável. Tanto a canela quanto a noz-moscada são fortes e marcantes: não exagere. Um trisco é o suficiente. Polvilhe o chocolate com as especiarias, despeje as claras, misture com uma pá (ou uma colher grande, o ideal é mexer o menos possível) até ficar uniforme.
Coloque em potinhos, leve à geladeira por umas 5 ou 6 horas. Sirva com as frutinhas em cima.
(Eu tenho cá pra mim que isso dava muito certo com o caldo de hortelã-pimenta macerada - sem pimenta nem canela nem noz-moscada, é claro - mas está só no plano das ideias, por hora.)

Essa sobremesa contém história, contém amor e contém glútem. Tudo que a gente ama. Lulu, mais uma que é pra você.